Há 15 dias falei-vos um pouco sobre contraceção, em especial da contraceção intrauterina de longa duração, reversível- DIU e SIU.
Hoje vamos falar noutra vertente, que é a mais utilizada- contraceção hormonal combinada, ie, composta por dois componentes hormonais: estrogénio e progestativo.
Os diferentes progestativos têm diferentes propriedades, atuando de modo diferente nos recetores hormonais, conduzindo a diferentes efeitos, que devem ser escolhidos de acordo com as necessidades da paciente. A nível de estrogénios a principal diferença encontra-se na sua dosagem.
A escolha da pílula deve ser orientada pelo ginecologista para determinada mulher. Todas temos características diferentes, desde peso, idade, passando pelo acne, hirsutismo (excesso de pelo), retenção hídrica, enxaquecas, …
Dependendo da paciente, de acordo com as suas caraterísticas é possível escolher a melhor combinação hormonal (dose de estrogénio e tipo de progestativo) para essa paciente.
Existem portanto, dentro da contraceção hormonal combinada diferentes associações.
A nível de eficácia, se toma correta, é um método muito eficaz.
Além da mudança na dose dos estrogénios e do tipo de progestativo também podemos escolher entre 21cp e 28cp, sendo um aspeto igualmente adaptado caso a caso.
Este tipo de contraceção apresenta vários benefícios além da contraceção, nomeadamente:
– regularização dos ciclos;
– diminuição do fluxo menstrual, sintomas pré-menstruais e dores menstruais;
– diminuição da incidência de miomas e de cistos ováricos funcionais;
– melhoria do acne, hirsutismo e doença fibroquística da mama
– diminuição em >50% do cancro do endométrio (interior do útero), do cancro do ovário (20% a cada 5 anos de uso) e ainda do cancro colorretal em cerca de 20%.
São contraindicações ao seu uso:
– antecedentes de tromboembolismo venoso e/ou de AVC
– hipertensão descontrolada
– pacientes portadoras de trombofilias ou Lúpus
– doença cardiovascular isquémica
– enxaqueca com aura
– doença hepática (cirrose e adenoma hepatocelular ou cancro do fígado)
Nestas situações deverá ser escolhido método contracetivo sem estrogénios.
Existem vários MITOS ao redor da pílula, alguns:
– deve ser realizada pausa ocasional da pílula- absolutamente contraindicado
– não se deve fazer 2 caixas de pílula seguida – em algumas situações é inclusive aconselhado.
– a pílula diminui a fertilidade – de modo algum!
– mais mitos?
Não podia deixar de referir, ainda no âmbito da contraceção hormonal combinada, que o seu uso pode ser além de oral, por via vaginal – o anel vaginal e por via transdérmica.
Em Portugal o anel vaginal – é o Circlet, que deve ser colocado no primeiro dia da menstruação durante 21 dias e retirado durante 7 dias, com recolocação após a mesma pausa. É uma boa opção para esquecimentos frequentes (tem app que avisa do dia da colocação, extração e recolocação do mesmo) e óptima para quem sente alterações gástricas coma toma de pílula oral ou apresente síndromes de má-absorção.
A nível de sistema transdérmico, temos disponível neste momento o Evra, que deve ser colocado no primeiro dia da menstruação durante 21 dias e retirado durante 7 dias, com recolocação após a mesma pausa. Este adesivo pode ser colocado em qualquer local do porto, menos nas mamas. E apresenta idênticas indicações que o anel vaginal.
Por hoje é tudo…
Para a semana há mais.
Dúvidas? Coloquem-nas.
PS: O atraso da publicação de hoje prendeu-se com uma falha na rede de internet na minha casa… e o router ainda não re-iniciou… 🙁
Bom dia Dr.
Vivo em França ja ha 7 anos e a ginecologista e “contra” tudo menos a pilula. Fiz bypass gástrico ha 32 meses e a minha endocrinologista “proíbe” a pílula sendo que o meu organismo não a reten ( segundo ela). Fui mamã ha 3 meses mas ja nao estou amamentar. Gostaria de saber o que me aconselha a usar! Obrigada ?
Olá Cristiana. Sim com bypass gástrico é provável não haver absorção da pílula oral, sendo portanto a sua segurança questionável.
Qualquer contracepção hormonal combinada que não oral pode ser a solução ( anel vaginal – Circlet ou penso transdérmico – Evra) ou o SIU, ambos eficazes no seu caso. A escolha de um destes métodos será de acordo com outros factores. Espero ter ajudado.