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Os anos passam…
Os dias passam rápidos demais e rápido demais.
As rotinas pautam os dias e cansam as horas, se me faço entender…
As semanas passam e o suceder de dias esmagam-nos na sequência inquietante do dia que passa, tão diferente e tão semelhante do dia que o antecedeu.

Vá! Admitam… não o sentem?
Eu sinto, numa espécie de angústia que resulta do cansaço de saber que viver todos os dias, cansa.
Por mais diferentes que sejam os dias, a rotina cai-nos em cima como um nevoeiro espesso… e estamos de novo ali, em frente do espelho a lavar os dentes, a pentear o cabelo… de novo e de novo.

Eu sinto, mesmo na loucura dos meus dias, regra geral sem pausas, esta inquieta rotina de levantar, fazer tarefas e deitar…
E nos poucos momentos que paro sinto esta inquietude…

Qual o problema de acordar todos os dias? Nenhum, pensando bem, nenhum…Pensando vem, que continue a rotina por muitos anos…
Mas o relógio não para… e de repente finda mais um ano…

Ah… reflexão de final de ano…
É isto com que nos deparamos aqui…
Pela primeira vez sorrio… talvez sim…

Ah.. pois é… vai ser em 2018 que concretizarei os sonhos… todos aqueles sonhos pendentes… e o destino vai sorrir como nunca… mas eu sei que não é verdade… O problema é que cresci e sei que não é verdade.

Há pouco estive mergulhada num banho morno de espuma (quente, segundo quem já o partilhou comigo…). É um spot fantástico para deixar voar os pensamentos… Submergir debaixo da água e ouvir um estranho silêncio que facilita o fluir das ideias… E sem querer cair em clichés pensei nos projetos do novo ano…

Mentalmente tentei listar os 12 desejos associados às pequenas passas douradas que à meia noite engulo ano após ano a cada badalada…e não consegui listar nada.
Invadiu-me uma dúvida, que se transformou em certeza… se os desejos são algo que queremos muito e pedimos ao Universo… porque carga de água o Universo nas doze badaladas vai estar de lápis na mão atento, a apontar o que proferimos mentalmente todos nós? Caraças! Apercebi-me que é uma fantasia maior que acreditar no Pai Natal…
2017 resume-se, agora, de repente, como o ano em que as fantasias morreram!

Não há Pai Natal, nem Coelho da Páscoa, nem Fada dos dentes e muito menos as Passas dos 12 desejos!!!

Esqueçam… pensem se quiserem, porque o dia tristonho a isso convida, no que querem mudar na vossa Vida… mas mudanças que sejam possíveis e que dependam de vocês próprios e não do Universo… rotinas simples que vos pareça que instaladas no dia a dia ao fim de alguns meses façam a Vida valer mais a pena.

Aquela lista de :“ paz na terra”… “ perder 8kg”… “ encontrar o amor da nossa Vida”… “ ganhar o euromilhões”…
Please!
Paz na Terra? Nunca será possível sendo a Terra habitada por humanos…
Perder peso, sem gastar mais calorias do que as que são ingeridas? Só com cirurgia…
Encontrar o Amor da nossa Vida? E isso existe? Claro… vai aparecer no momento certo… tretas! Existem pessoas que são mais compatíveis connosco e que querendo partilhar a Vida connosco tornem a viagem mais completa …
Ganhar o euromilhões? Isso sim é um desejo, mas é partilhado por milhões de pessoas, porque haveria de nos calhar a nós? Ainda por cima, quando a maioria de nós nem sequer joga…

Façam outra lista, de pequenas coisas, mas que sejam plausíveis e que vos façam crescer, mas que dependam unicamente de vocês.

O nosso sorriso não deve pertencer a ninguém.
Porque se esse alguém de repente deixar de estar podemos perde-lo para sempre.
Só uma pessoa pode ter esse poder, a pessoa que saiu um dia de dentro de nós e ninguém mais. Porque essa pequena pessoa será sempre Nossa, pois é um prolongamento de nós próprios.

E sim, lá se vai abrir à meia noite um novo livro de 365 páginas por escrever… nós sabemos bem que o escritor não o faz sozinho… várias variantes externas podem transformar o poema em prosa, e a prosa em conto… E a qualquer momento surgem novas personagens, mas cabe ao escritor decidir qual o papel que elas vão assumir no enredo. Aconselho vivamente neste último dia do ano (que sabendo igual a qualquer outro, é um marco) a demitir aquelas personagens que aparecem volta e meia e que deixam diálogos inacabados e páginas estragadas com borrões de salpicos salgados.

Por outro lado às personagens que enchem o vosso livro de sorrisos e momentos bons dediquem-lhes tempo. O Vosso Tempo. Não tenham medo de dizer que fazem parte!

Mantenham isso presente.
Quem escreve o livro somos nós!
Não o escrevam a lápis… porque Viver é o que nós temos. Por isso Vivam, porque viver sem Viver… não é Nada.. e mesmo voado mantenham um pé cá na Terra.

Não entrem no Ano com o pé direito… entrem com os dois bem firmes.
E que se lixe, que às doze badaladas, mesmo não acreditando, pelo sim pelo não vou comer com carinho as minhas passas douradas.

Até lá… e sempre… espalhem confetis e Amor!

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