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Na gravidez tudo muda.
Desde que o pequeno grupo de células resultante da junção do óvulo com o espermatozoide nida no interior do útero uma revolução ocorre no organismo materno.
Um conjunto de adaptações fisiológicas têm lugar no sentido de criar um meio ideal para o desenvolvimento fetal, sem o comprometimento materno.O conhecimento dos sinais e sintomas decorrentes destas adaptações permitem-nos discernir entre o normal e o patológico.
De um modo sumário vou-vos falar sobre as consequências mais importantes desta adaptação.

A frequência cardíaca aumenta, o volume sanguíneo aumenta em cerca de 45% e ocorre frequentemente a sensação de batimentos cardíacos mais rápidos e sensação de extrassístoles (uma espécie de batidas extra do coração). Devido à compressão do útero em crescimento na pelve, o retorno venoso está comprometido e surgem edemas, insuficiência venosa e tendência para a trombose venosa. Surgem varizes e hemorroides, muitas vezes. Também é mais frequente a hipotensão, com sensação de tonturas e vertigens, assim como menor tolerância ao calor.

Há um maior consumo de oxigénio e a frequência respiratória aumenta, sendo a sensação de falta de ar perante pequenos esforços comum.

A frequência urinária aumenta, uma resposta hormonal, mas principalmente devido ao crescimento do útero sobre a bexiga. A compressão uterina também conduz ocasionalmente a incontinência urinária repentina. Esta mesma compressão, associada ao relaxamento dos músculos lisos causa hidronefrose (alargamento dos ureteres) com estase urinária que facilita a subida de bactérias pelos ureteres até ao rim tornando mais comum uma pielonefrite (infeção do rim), que na grávida implica internamento.

A nível gastrointestinal há um relaxamento global e uma diminuição da motilidade, conduzindo a obstipação, azia (devido refluxo gastroesofágico), digestões difíceis.

As náuseas são dos sintomas mais frequentes, em particular no primeiro trimestre, sendo a sua etiologia multifatorial, mas essencialmente devido a fatores hormonais, alterações de motilidade e ansiedade.

A salivação está aumentada e a hemorragia das gengivas e mesmo nasal é mais comum na grávida do que na população geral.

A nível endócrino, há um aumento da resistência periférica à insulina, tornando a gravidez num estado diabetogénico, sendo essa a razão de pesquisarmos em todas as grávidas entre as 24 e 28 semanas o Diabetes Gestacional (já falado neste blog- clique Aqui para ver).

As alterações são tantas, que chegam a ocorrer na pele, como hiperpigmentação e estrias cutâneas.

Há uma tendência trombótica na gravidez, desencadeada por uma série de mecanismos que protegem a mulher da hemorragia pós-parto.

Tudo muda na gravidez.

A alteração postural e aumento de peso facilitam dores lombares e nas ancas.

O útero a crescer dores no fundo da barriga e zonas mais laterais devido ao repuxamento dos ligamentos.

Por vezes ocorrem dormências nas mãos, que surgindo persistem regra geral até umas semanas pós-parto, relacionado com edema e retenção hídrica.

A ansiedade e a dificuldade de arranjar “uma posição” tornam as noites mal dormidas nas últimas semanas.

A grávida sente isto tudo e mesmo assim sorri, porque está feliz por estar a gerar Vida dentro de si.

Quatro a seis semanas pós-parto tudo regride, mas o Amor que cresceu dentro de si ao longo dos 9 meses em que a revolução ocorreu dentro de si, esse não morre… continua a crescer até ao último dia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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