Hoje não vos trago um texto que surgiu nos meus pensamentos, mas sim informativo…
Não vos vou falar sobre a Pandemia que invadiu as nossas vidas e nas repercussões gigantes que trouxe para todos nós mas no seu impacto no Mundo das grávidas.
Vamos a factos. Se bem que na realidade que estamos a viver, falar em factos possa ser perigoso, pois a informação é escassa, está em constante mudança e no atual momento é díspar conforme a fonte que consultarmos, mesmo estando a procurar nas fontes mais “seguras” e não no Doctor Goggle. Devem ainda manter presente que na informação que refiro ser baseada em estudos diz respeito a um número muito limitado de casos.
Penso que sejam estas as grandes dúvidas, de momento, em relação à infeção COVID19 na grávida.
- As grávidas são mais suscetíveis à infeção pelo coronavírus (COVID19)?
- A infeção pelo COVID19 na grávida pode ser mais grave?
- Como se devem proteger as grávidas?
- Há evidência de transmissão vertical da doença?
- Estão descritos efeitos adversos no outcome da gravidez causados pelo COVID19?
- Há evidência de sequelas teratogénicas?
- Neste momento se no dia do parto a mãe está infetada o RN deve ser separado da mãe?
- A amamentação na grávida infetada está desaconselhada?
Se tiverem mais coloquem-nas que eu tento responder, dentro das limitações que existem, neste momento.
- As grávidas são mais suscetíveis à infeção pelo coronavírus (COVID19)?
Os estudos até à data não demonstraram maior apetência do vírus pela grávida. (Ie, aqui entre nós, o vírus “gosta mais” de uma velhinha do que de uma grávida…)
- A infeção pelo COVID19 na grávida pode ser mais grave?
Sabe-se que a mulher grávida tem maior risco de morbilidade e mortalidade perante outras infeções respiratórias (como o SARS-CoV ou mesmo a gripe banal), pelo que me parece sensato incluir as grávidas na população de risco para a infeção COVID19.
- Como se devem proteger as grávidas?
As recomendações são idênticas à da população geral. Neste momento passa por isolamento social como primeira linha de proteção, sempre que possível, e no caso das grávidas pessoalmente acho que tem que ser possível.
- Há evidência de transmissão vertical da doença?
Todos os recém-nascidos de mães COVID19+ até à data testaram negativo, pelo que se pressupõe que a transmissão vertical (da mãe para o feto) não ocorra.
- Estão descritos efeitos adversos no outcome da gravidez causados pelo COVID19?
Não está esclarecido até à data. Estudos revelam provável risco aumentado de parto pré-termo (mas os casos são escassos para se estabelecer uma relação causal). No entanto, sabemos que qualquer infeção sistémica da mãe pode ter esse efeito.
- Há evidência de sequelas teratogénicas?
Tendo em conta que numa gravidez a teratogenecidade ( capacidade de uma gente externo, como um medicamento, infeção, Rx, … induzir malformação no feto) ocorre essencialmente nas primeiras semanas de gravidez e esta nova infeção surgiu em Dezembro na verdade não podemos assumir que não exista teratogenecidade porque ainda não nasceram os embriões/fetos das grávidas infetadas nesta fase. Sabe-se que nos vírus da mesma família, como o SARS- CoV (2002) e o MERS-CoV (2013) não foram considerados teratogénicos.
Tudo aponta para que não existam, mas não há para já certezas.
Dados reais só daqui a uns meses quando estes bebés nascerem.
- Neste momento se no dia do parto a mãe está infetada o RN deve ser separado da mãe?
Neste tópico surge a maior discórdia.
A OMS (organização mundial de saúde) diz que não.
A DGS (direção geral de saúde) e a ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists) dizem que sim. Na China, que é onde temos mais informação disponível por a Pandemia ter começado aí foi aconselhada esta separação durante 14 dias.
A organização mundial de saúde responde pelo mundo inteiro e em países desfavorecidos a separação do RN da mãe seria impossível (nos países pobres seria como condenar à morte o recém-nascido).
É um tópico muito controverso e as opiniões podem divergir.
Tenho o hábito de me colocar no lugar do outro quando se trata de decisões médicas… então se eu tivesse um filho hoje estando infetada pelo COVID19?
Pensei e pensei… e sabendo que a DGS determina a separação, só me restaria aceitar (não quer dizer que não me custaria!) pois se acontecesse algo ao meu bébe por eu o ter contaminado nunca me perdoaria. Sou mãe e a minha filha está sempre em primeiro lugar. Esta é a minha premissa… não há dados, mas parece-me impossível (dado a facilidade de contágio que o vírus apresenta) estando infetada conseguir dar de mamar e cuidar do meu recém-nascido e não o infetar, e se essa infeção trouxesse sequelas permanentes para o meu filho iria viver com essa culpa. Não quero com isto dizer que daqui a uns meses se verifique que a infeção no recém-nascido não tem qualquer repercussão… mas até lá parece-me prudente o que está aconselhado atualmente nos hospitais portugueses.
Há muitas situações em que o recém-nascido é separado da mãe semanas (como nos prematuros), e não é por isso que ao fim de 2, 4, 10 semanas tenham alta para os seu lares e não sejam crianças saudáveis e felizes.
Pessoalmente há uma só forma de não terem que passar por este momento angustiante grávidas: protejam-se e simplesmente não sejam infetadas!
- A amamentação na grávida infetada está desaconselhada?
Em relação à amamentação, não houve até à data deteção do vírus no leite materno, porém por precaução (e pelos motivos referidos na alínea anterior) em Portugal está a ser desaconselhada nos casos de mãe infetada por COVID19.
Peço-vos para focarem o vosso esforço para não serem infetadas… só isso está na vossa mão.
Estamos todos (ou quase todos) em ISOLAMENTO… e infelizmente muitos ainda não o perceberam…
Não há exceções, não há o “vou só ali”…
Tenho-me esforçado por não ficar infetada pois sei que se isso acontecer não poderei fazer alguns partos e não vos quero abandonar numa altura tão sensível.
Como o faço? A minimizar os contactos ao máximo e proteger-me ao máximo nos contactos que tenho que ter. Só isto está nas minhas mãos.
Sim, para algumas, as grávidas que forem infetadas, não vai ser perfeito…
Sim, ser mãe no meio desta Pandemia veio trazer mais um desafio à maternidade…
Estamos Em Guerra, queremos minimizar danos… decisões são tomadas todos os dias, e será sempre escolhido o caminho do mal menor… nunca a máxima “em tempos de guerra não se limpam armas” teve tanta aplicação nas gerações atuais como agora…