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Mais um Domingo… que sem contar, acabei por ir trabalhar…
Uma bebé quis nascer, assim sem aviso… e enquanto os pais desciam o Marão, juntamos a equipa.

Estávamos todos prontos quando chegaram… porém como o COVID da grávida é desconhecido… e não há tempo a esperar pelo resultado que entretanto fora colhido ali mesmo… equipamo-nos tal Astronautas  com várias camadas de proteção…
No fim de colocar aquilo tudo, já a suar e ainda sem ter começado, reparo que mal nos ouvimos e percebo que desta vez, se precisar de algo vou ter que gritar… bem, há sempre uma primeira vez, certo?

Não me sai da cabeça o pensamento “coitados dos colegas e enfermeiros que têm que andar assim todos os dias, na linha da frente…” . Se isto não é tortura… não sei.

No meio daquela panóplia de máscaras, óculos, viseiras, batas e mais batas, luvas e afins… a grávida sorri… dizendo que se consegue ver nos nossos olhos que estamos a sorrir de volta…
Sorrio, porque a sei tranquila, mesmo no meio daquilo tudo.
Sorrio porque sei que em breve terá a sua Maria nos braços.
Sorrio porque espero que em breve o COVID deixe de transtornar as nossas vidas…

Tenho saudades de um abraço… na verdade não sei quando voltará a haver abraços… mas recuso-me a pensar nisso até porque o dia está magnífico e ao voltar a casa, contemplo o mar e nele vejo a Esperança.

Os bebés continuam a nascer encantadores, o sol continua a nascer e a mergulhar no mar todos os fins de tarde… E eu, migalha de areia, continuo a Acreditar…

 

PS: créditos da fotografia – Anestesista Top (A.L.)

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