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Os distúrbios do sono são um dos sintomas pelo qual os adultos mais procuram ajuda médica. Quer por dificuldade em adormecer, que por dificuldade em manter o sono, por diversos despertares noturnos ou porque acordam pelas 04h-05h da manhã e não conseguem voltar a adormecer.

Uma baixa qualidade de sono interfere com a nossa atividade diária, sentimo-nos cansadas, com perda de capacidade de concentração, aumento de erros cometidos com diminuição do nosso rendimento global.

Existem duas fases na Vida da Mulher em que a insónia tem especial incidência, na Gravidez e na Menopausa.

Na Gravidez existem vários motivos para a futura mãe dormir mal, motivos esses que vão variando ao longo da gravidez.
No início dormimos mal porque a bexiga nos obriga a levantar da cama várias vezes… a meio da gravidez surge a azia, o refluxo, passando pelas terríveis cãibras que nos fazem acordar agarradas às pernas quase a chorar. Os próprios movimentos do bebé por vezes nos acordam num pontapé mais empolgado. Nas últimas semanas a dificuldade em alcançar uma posição confortável e as dores de costas são o grande desafio.  Já para não falar nos pesadelos que muitas grávidas relatam que lhes perturbam o sono e as impedem de voltar a adormecer, na maioria relacionados com medos relacionados com o bem-estar do bebé e com o parto.

Na Menopausa a principal causa são os “calores” ou “hot flashes” (sintomas vasomotores), que fazem acordar as mulheres acaloradas e encharcadas em suor, por vezes várias vezes por noite. Mas há outros motivos, como ansiedade e depressão associadas a uma grande quantidade de alterações que acontecem nesta fase. A baixa de estrogénios típica da menopausa aumenta a dificuldade em emagrecer, a pele fica mais seca, a libido diminui… diminuindo a autoestima da mulher. Na maioria dos casos os filhos estão a sair de casa nesta fase e a síndrome do ninho vazio também não ajuda. A menopausa assinala o fim da nossa capacidade reprodutiva e a mulher muitas vezes, incorretamente, deixa de se sentir MULHER.

O que fazer quando a alteração do padrão do nosso sono interfere com o nosso quotidiano?

Em primeiro lugar devem tentar alterar alguns hábitos de sono, nomeadamente:

– estipular uma hora para ir dormir e acordar
– usar a cama só para dormir ( e “brincar”, claro) … nada de TV, livros, telefones,  e redes sociais
– tentar ir para a cama já com sono e sair da cama se não tiver sono
– evitar sestas durante o dia
– evitar café e outros estimulantes depois do almoço
– aprender a meditar /relaxar e outras técnicas de mindfulness
– fazer uma refeição leve ao jantar

Se estas medidas não forem suficientes devem procurar ajuda médica. Tudo o que interfere com a nossa qualidade de Vida deve ser alvo de intervenção.

Mas a medicação não deve ser evitada?
Sim, mas se não se conseguir dormir bem na maioria das noites após por em prática as medidas que acabo de referir…  a medicação é um mal menor… porque a repercussão no nosso rendimento diário é provavelmente mais prejudicial que a toma de medicação…

Na gravidez podem utilizar um medicamento que todas as grávidas têm em casa para as náuseas e aproveitar o seu principal efeito lateral… sim, estou a falar do famoso Nausefe , que já é utilizado há mais de 50 anos na gravidez, sem qualquer efeito descrito sobre o feto. Dois comprimidos meia hora antes de deitar, a maioria das minhas grávidas sabe bem o efeito soporífero que tem. E o mais giro é que muitos “grávidos” também… tenho vários maridos a pedir mais uma receita porque dormem muito melhor com a toma do Nausefe …
Claro que se a grávida referir que lhe custa a adormecer apenas por causa do refluxo/azia a medicação dirigida ao sintoma é a primeira linha.

Na menopausa os principais medicamentos que usamos são venlafaxina  (que  além de ser um antidepressivo tem um efeito muito positivo na diminuição dos sintomas vasomotores) e o triticum (também um antidepressivo que causa sonolência). E depois temos uma série de medicação como indutores de sono, bezodiapepinas , etc…O mais importante é que seja aconselhada por um médico e não começar a tomar o medicamento que a prima ou a vizinha usa…
A escolha da medicação vai depender do tipo de perturbação do padrão do sono, de outros medicamentos que estejam a tomar, de patologias associadas que apresentem. A medicação tem que ser a mais adequada e compatível com a pessoa em causa, com menos efeitos laterais e sempre na menor dose possível.

Na menopausa também é importante perceber que a maioria de nós com o avançar da idade precisa de dormir menos e aceitar… que 6h de sono são suficientes desde que no dia seguinte não se sintam cansadas e sonolentas

Desejo a todas um ótimo Domingo e acima de tudo uma boa noite de sono!

Se aprenderam algo com este post  ou conhecem alguém que dorme mal… partilhem…

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